terça-feira, 14 de setembro de 2010

Lançamento do livro "A rebelião dos sinais"




A Editora Multifoco convida para o lançamento de “A rebelião dos sinais", do autor André Luis Mansur.
Imagine o que aconteceria se os sinais e acentos da língua portuguesa resolvessem sair dos livros, revistas e demais publicações. Pois é este o tema da peça “A rebelião dos sinais”, que dá nome ao livro do jornalista André Luis Mansur e vem acompanhada de doze contos.
As histórias apresentam personagens cotidianos que enfrentam obstáculos, mas, não deixam de sonhar com mudanças em suas vidas. Como descreve Arthur Dapieve, no prefácio, “eles são gente do povo, comum, de carne e osso”.


Serviço:
Dia: 14 de setembro, terça-feira
Horário: 19h
Local: Editora Multifoco – Av. Mem de Sá, 126, Lapa (entre as ruas Gomes Freire e do Rezende)

O autor:



André Luis Mansur é jornalista, tem 40 anos e é carioca. Já trabalhou em veículos como o “Jornal do Brasil”, “Tribuna da Imprensa”, “Rádio Brasil” e “O Globo”, onde escreve críticas literárias para o caderno “Prosa & Verso” há 14 anos. Também já trabalhou como colaborador em editoras e revistas como a “Aventuras na História”, da editora Abril. Tem dois livros publicados, “Manual do Serrote” (Bruxedo), de humor, e “O Velho Oeste Carioca” (Íbis Libris), de História. Mantém o blog www.emendasesonetos.blogspot.com, onde publica crônicas e também artigos sobre a História do Rio de Janeiro.


Leia o prefácio do livro "A rebeliao dos sinais"

A causa do bom português
Arthur Dapieve

Há não muito tempo um canal de TV por assinatura cismou de, para parecer moderninho, legendar os filmes que exibia numa determinada sessão à moda da internet. E tome vc e tome naum e tome tc. A invencionice foi rechaçada tão rápido e unanimemente que saiu do ar. “A rebelião dos sinais”, minipeça que dá nome a esta coletânea de contos de André Luís Mansur, adota um tom quase infantil para abordar essa questão bem adulta: a contagiosa canibalização da linguagem nas salas de papo na internet e fóruns assemelhados.

Mansur, é claro, legisla em causa própria: a do bom português. Apesar da alegoria do Til, do Ponto de Exclamação e dos demais sinais gráficos – salvo o Trema, coitado, definitivamente desempregado pela nova reforma ortográfica – entrando em greve, a maioria dos outros heróis do autor é bem pé no chão. Eles são gente do povo, comum, de carne e osso, capaz até de escutar Chet Baker no ônibus que volta de Vitória, onde se foi assistir ao casamento de uma ex-namorada (caso do narrador de “O ônibus na estrada reluzente”). Seus personagens frequentam filas do INSS sem nenhuma esperança de transcendência. Eles não comportam a idealização da literatura-como-tese-sociológica.

O narrador de “Zé Pereira” é um bom exemplo. Há vinte anos ele vive feliz, ou ao menos anestesiado, com Suzane. Só os roncos dela o incomodam. Cada vez mais careca, cada vez mais barrigudo, Pereira desconfia que sua chefa lhe joga os olhos verdes em cima por mais tempo que o razoável. Até a noite de temporal em que ela lhe serve um uisquinho após o expediente. “Entendi o que era a traição sentado ali, poltrona giratória, olhando a chuva pela janela”, medita Pereira. É esse caminhar conformado para o cadafalso que delimita o heroismo nos contos de "A rebelião dos sinais”. O heroismo da tragédia grega. Para que lutar contra o próprio destino, seja ele qual for? Inútil, tudo inútil. Diferentemente de clássico helênico padrão, porém, Mansur tem senso de humor. Mesmo na desgraça mais profunda há espaço para um riso dolorido. E para as perturbadoras Reticências...

Fonte: Emendas e Sonetos

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